sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Querido Intercâmbio, feliz aniversário!

Há 365 dias estava eu lá embarcando pra Califórnia. Sendo assim, não há ocasião melhor pra desenterrar o blog.

No último ano, meu mundo deu voltas: eu fui, eu voltei, eu "sofri", eu me acalmei, eu fui de novo, eu voltei e agora sigo em frente. 

Já tô cansada de repetir o mesmo combo de sempre, que começa com "eu fui viver o meu sonho", passa por "novas x, novas y, novos z, novos w, tudo em uma outra língua" e termina com "foi a melhor experiência da minha vida". Mas mesmo repetindo mil vezes, eu ainda não tenho dimensão do que foi eu embarcar sozinha pra viver o meu sonho, tendo que conquistar uma nova cidade, nova casa, nova família, nova rotina, nova escola, novos amigos, tudo em uma outra língua. Só tenho certeza que foi a melhor experiência da minha vida.

Se sentir orgulhosa é se achar demais? Acho que não. 

Tenho orgulho das decisões que eu tomei, dos meus traços que escolhi deixar pra trás e dos novos que decidir incluir na minha personalidade. Não tenho vergonha de admitir que vivi um intercâmbio tranquilo, mas faço questão de explicar que isso não quer dizer que foi fácil. Não foi fácil, nem simples, nem calmo, nem tranquilo. Se me arrependo? Só me arrependo de não ter tirado mais fotos. 

Ai, fotos.. Quando eu voltei, tudo que eu queria fazer era ficar com a cara no computador revendo as milhares de fotos que eu tirei lá e revivendo todos aqueles momentos.  
Todo mundo também já sabe que meu desfecho de intercâmbio, apesar de curioso, foi frustrante. Mas nem todo mundo sabe que esse final me fez crescer ainda mais. 

Ah! Aqueles primeiros abraços de "welcome back" e as primeiras refeições são incríveis. Ver todo mundo de novo é tão gostoso, assim como é voltar pro seu cantinho. Mas, voltar pra casa requer tempo pra readaptação.
Você vai querer contar pros amigos das aventuras e das piadas, mas eu te garanto que pelo corpo deles  não vai correr a adrenalina que você sente ao reproduzir suas histórias e eles não vão rir da situação contada como você, que vai ficar com um sorriso bobo no rosto. Sorriso de saudade. 
Se encaixar de volta é duro. Mantenha em mente que você também perdeu aventuras e piadas aqui no Brasil e que enquanto você estava fora, provavelmente seus amigos se desacostumaram a ter você por perto. Calma! Isso só significa que eles aprenderam a viver sem ter você há poucos quilômetros de distância, ou seja, deixaram de te perguntar qual é a lição pro dia seguinte, fofocar do novo casal da escola ou até mesmo de te mandar mensagem 24/7, porque enquanto você tava fora seus assuntos já não eram mais os mesmos. 
E mais importante, não esqueça que você mudou! Você mudou! Suas experiências lá fizeram com que você amadurecesse (pausa: ps: não tô tentando vangloriar os corajosos intercambistas) o que você não amadureceria dentro de casa, da zona de conforto. Sua cabeça tá aberta pro mundo! Você percebeu que existem muitos mundos além do que você vivia no Brasil. E isso é conflitante, não é só "da hora", inspirador e wanderlust
Enfim, ainda teve a escola, o braço quebrado, a crise de profissão, a raiva de morar numa cidade de prédios e não upon the hill across the blue lake e as nostalgias que tornaram o processo de volta um pouco mais difícil e chato. 

Até que, pra minha sorte e alegria, passaram-se, exatamente, 6 dolorosos meses e eu pude embarcar de novo pra Califórnia pra buscar o pedaçinho de mim que ficou lá. Fui com meus pais e irmãos fazer a viagem que tivemos que cancelar, em janeiro, por causa do meu braço quebrado que precisava de cirurgia urgente. Foi meu "Mari pela Cali 2.0" ou "Mari pela Cali, o retorno" risos. Começamos no Yosemite (minha visita dos sonhos), seguimos para São Francisco com parada obrigatória de quatro dias em Morgan Hill. Vi a host family e os amigos, dormi na minha cama americana, comi nos meus lugares prediletos, passei pela escola e pela tão amada academia. Foi o desfecho que eu precisava, a finalização que eu não tive. E de lá seguimos pelo Big Sur para Los Angeles. Tudo muito incrível! 

Ter voltado em Morgan Hill me deu mais uma chance pra dizer meus últimos goodbyes (e comprar estoque das coisas kk). Eu, de certa forma, precisava disso pra me desligar um pouco de lá. 

Ah, e o ciúmes.. Tá pra nascer alguém que seja mais ciumenta e apegada que eu. Tenho ciúmes da host family, da cidade e até da minha rotina americana! Não peça pra eu explique. Tudo que eu sei é que eu me apego demais à pessoas, lugares e coisas, o que me leva a amar demais minha vida lá pra abrir mão dela e esquecê-la.

O que me leva ao meu último ponto: seguir em frente. Um ano depois, eu tô bem mais calma. A vida no Brasil começa a movimentar e você se desapega (lentamente....) dos assuntos do intercâmbio. Apesar disso, o meu intercâmbio é parte de mim, parte da Mariana que eu construí e desenvolvi lá. E sendo assim, eu nunca vou me desapegar dele, abandoná-lo ou esquecê-lo. 
Afinal, meu intercâmbio foi o meu sonho e eu sou apaixonada por ele, por tudo que vivi,  por tudo que aprendi. 

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